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A mudança de posição que fez do Claudinho o melhor jogador do BR20, o levou a medalha de ouro e ao Zenit

Quando Claudinho foi convocado para os amistosos preparatórios para os Jogos Olímpicos de Tóquio, ele deu uma coletiva para a imprensa e destacou Antônio Carlos Zago, o treinador dele no Bragantino em 2019 e, que segundo o meia, apostou bastante nele. Voltando para o início do projeto da Red Bull em Bragança Paulista, Claudinho era reserva do time de Zago no estadual e iniciou a Série B como reserva. Até aquela altura da carreira ele já tinha saído da base do Santos e subido para o profissional no Corinthians. Depois circulou por vários clubes, onde jogada muitas vezes aberto pelo lado e em outras como pelo meio como meia armador, mas sem nunca vingar em alguns time.

Na Série B de 2019, depois que Osman deixou o clube, Zago mexeu no time, colocando Ytalo de centroavante e deixando Claudinho como um meia livre próximo do atacante. Você pode chamar a posição dele de meia armado, ponta de lança e até segundo atacante, não importa muito. O que importa é como ele funciona nessa posição e nela que ele pode crescer como jogador e ser o destaque da Série B.

– O Claudinho sempre foi uma promessa desde que saiu do Santos. Às vezes algumas dúvidas em relação ao que ele poderia fazer. No potencial dele, nunca duvidei disso. Procurei dar uma atenção especial, é um menino sempre acompanhado pelo pai, super educado, fora de série. Falar do Claudinho é até difícil pelo relacionamento que tenho com ele, com o pai e com a família. O Claudinho cresceu bastante, até então era praticamente uma promessa e fomos encontrando o espaço dele dentro do campo, conversando bastante, puxando a orelha, conversando, dando um abraço, dando um beijo e o Claudinho, hoje, na minha opinião é um dos cinco melhores jogadores do futebol brasileiro. É um jogador que tem tudo para ir para um grande clube do futebol europeu e se dar muito bem. A gente espera que isso aconteça na Olimpíada também. Falou o treinador ao Globoesporte.com.

Foto: Divulgação/Red Bull Bragantino

Ele era o meia central de um 4–2–3–1 ou um dos atacantes do 4–4–2, o time defendia da segunda forma e ele e Ytalo ficavam mais avançados na frente (foi assim até Claudinho deixar o clube). A posição foi tão importante para ele que quando Felipe Conceição (o treinador que veio após a saída de Antônio Carlos) em 2020 resolveu mudar o esquema para o 4–1–4–1 Claudinho virou reserva. O motivo pode até ter sido questões extra campo, mas é verdade também que neste novo esquema ele não rendeu tanto, seja um meia interior ou um jogador mais aberto pela esquerda. Quando ele jogava pela esquerda, tinha que fechar aquele lado e na hora de atacar não tinha tanta liberdade para circular. Quando ele atuava pelo meio, tinha que voltar para defender o centro.

Claudinho, aliás, subiu muito de produção com Maurício Barbieri, que chegou para o lugar de Felipe. O treinador ajeitou a equipe para ele poder jogar na função onde ele é mais produtivo, e como ele era o melhor jogador da equipe, o time cresceu junto. No Campeonato Brasileiro de 2020 ele foi extremamente influente na equipe sendo o jogador com a maior número de passes na competição para finalizações e o artilheiro dela. No total Claudinho deu 294 passes decisivos (2.7 por jogo).

Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Barbieri viu nele esse poder de criação (que Zago também aproveitava) e colocou o jogador para ser o segundo atacante no 4–4–2, ou um meia-atacante, como preferir. O objetivo é deixar ele mais centralizado, para poder enxergar melhor o jogo, e ficar de frente aos zagueiros, muitas vezes nas costas dos volantes. Ele faz com que o zagueiro fique sem saber se sai para roubar a bola dele e deixa um espaço nas costas ou se não sai e dá liberdade para ele finalizar em gol ou passar a bola. Isso ajuda o time. Ele joga na região da entrada da área, onde também pode ser chamado de funil, ou “zona 14” pelos analistas do jogo.

Verdade que ele não fica só naquela posição, ele volta para receber a bola e até abre do lado, principalmente esquerdo, para também fugir da marcação adversária. Mas, na maior parte do tempo, ele fica na “zona 14”, onde ele consegue ser mais influente na equipe. Claudinho também tinha a função de marcar pressão na saída de bola e puxar contra-ataques. Nesse caso, por poder ter liberdade, muitas vezes escolhia onde ele tinha campo para correr, driblar e pensar.

Com boas atuações, naturalmente gerou interesse de clubes europeus e da seleção brasileira. Apesar de não ser convocado por Tite para a seleção principal, sempre foi observado de perto pela comissão técnica.

Foto: Divulgação/CBF

Nas Olimpíadas foi convocado e jogou com André Jardine, onde foi titular em todos os jogos. Porém, mesmo com o título, decepcionou alguns que esperavam mais protagonismo do meia. Nem acho que ele tenha ido mal na competição, mas o que eu reforço neste texto, ele não jogou na mesma posição de sucesso no Braga, ele foi mais um meia pela esquerda no 4–4–2 e, isso, além de alguns outros fatores, atrapalharam um pouco o jogo dele.

Pelo Red Bull Bragantino o Claudinho fez:

⚔️129 jogos
⚽️33 gols
🅰️22 assistências
🏆campeão Série B 2019
🎯artilheiro BR20
💯melhor jogador BR20

Agora contratado pelo Zenit, é um jogador que evoluiu muito nos últimos 2 anos e cresceu demais como jogador.

Claro que diversos fatores influenciaram, mas talvez, se Zago não tivesse encontrado a posição dele em campo, ele não tivesse tido o sucesso que teve e não teria sido negociado por 15 milhões de Euros e ido morar em São Peterburgo.