O pensamento original
Mauricio Andrade
De onde se origina o pensamento? De uma percepção, uma experiência, uma memória, emoção ou raciocínio? Ainda que esses possam ser o ponto de partida de um pensar consciente ou até inconsciente, ainda não são a origem, o início, ou mesmo a matéria prima do pensamento. De onde vem o pensamento original, e o que ele vem a ser? Quando pela primeira vez o pensamento foi percebido como abstração e recurso do imaginário? Podemos cientificamente aceitar que os pensamentos são uma série de reações químicas, porém ordenadas com um roteiro específico, um ponto, onde surgem associações, elaborações e construções, que à partir da memória, nos concede a habilidade de aprender e desenvolver novas e inusitadas associações. Sem a memória não há aprendizado, então podemos supor que pensamento e a memória estejam intimamente associados à percepção de existência.
O pensamento é comprovadamente uma onda que pode ser enviada e monitorada, sensivelmente, no aparato cerebral, mas ainda a ciência já aceita o fato de o pensamento ser algo ainda maior, e que se subdivide em frequências. De forma simples, poderíamos falar em pensamentos positivos ou negativos, e mesmo do inconsciente coletivo, que carrega em si a somatória de uma frequência em determinados momentos. O pensamento pode e tem sido induzido, no inconsciente, através de mensagens subliminares, seja no passado, através das propagandas de pipoca e refrigerante no cinema, como hoje, pelos meios de comunicação de massa e nas redes sociais. Agimos sem compreender o motivo de nos associarmos a certas ideias, que inocentemente, dizemos serem nossa maneira de sentir e pensar quando, no fundo, são os espaços abertos preenchidos com algo que pretende saciar o ego.
Ainda assim, há uma força que “induz” e motiva nosso pensamento a buscar por muito mais além daquilo que o sistema tenta nos infundir. O pensamento além da razão, que nos percorre quando vemos a imensidão do espaço e das estrelas, a impressão desconhecida, que nos cura, quando estamos em meio a natureza e seus sons, como as águas de uma cachoeira ou do mar. O estímulo a um tipo de memória que habita em nós, quando ouvimos os sons de sinos, de monges cantando e quando vemos figuras sagradas. Há uma memória que nos aguça o aprendizado, não mais e somente da razão, mas o aprendizado da consciência, da alma. É como se realmente nossa memória estivesse nos dizendo: “lembra de quem você realmente é”. E sim, é o que ela nos diz.
Há um pensamento original, impresso no universo, e em tudo que nos estimula o retorno à origem. O fio condutor desse pensamento, sempre e inevitavelmente, é tocado através do amor, da compaixão e de todos os pensamentos construtivos da vida. Poderíamos dizer que a chamada “libertação” é o romper dos fios que nos manipulam, e tocarmos as verdadeiras cordas que criam as ondas gravitacionais do pensamento. Os manipuladores das cordas precisam que sejamos fantoches, porém, para voltarmos à origem, é preciso tocarmos nas cordas de Deus, que ao invés de nos aprisionar não estão amarradas em nós. A memória do pensamento original são acordes de uma harpa, que nos liberta a cada acorde que aprendemos a tocar.
A ciência do pensamento permeia vários reinos, e embora não possamos compreender absolutamente, no início, podemos escolher os pensamentos que desejamos, ao buscá-los em sua origem, que está a nossa volta, e principalmente dentro de nós. A memória da origem é como a composição de uma canção que reverbera com tudo aquilo que é bom. Quando nos permitimos ser tocados por tudo que estimula o verdadeiro amor, do sorriso de uma criança, até mesmo a compaixão pela condição humana, estamos ativando os pensamentos originais estamos nos lembrando, através da memória original, da sagrada canção de amor e do grande músico que a compôs.
Mauricio Andrade coordena a AldheyaTerra – Consultoria de Relações Humanas e Projetos Humanitários