Casarão volta à cena cultural com “Mestiçaria”
Espaço abriu as portas no domingo para receber grande público e artistas renomados da nossa MPB
Osni Dias
Lula Barbosa e Luciano Delarth se apresentaram neste domingo (5) no Casarão Julia Ferraz, estreando uma série de shows que percorrerão São Paulo e cidades do interior nas próximas semanas com canções que habitam o imaginário negro, indígena e português, numa “mestiçaria”, nome do álbum cujo neologismo foi criado para explicar essa rica mistura de povos que se entrelaçam nesse imenso continente que é o Brasil.
Além do belo espetáculo, o público pode apreciar a reforma do Casarão, passando pela antessala até chegar ao espaço dedicado a apresentação, com vista para o encantador Solar, com suas flores iluminadas com o brilho do entardecer. Ali também foi projetado um trecho do filme Canção para Zumbi, produzido nos 300 anos da morte de Zumbi dos Palmares. O documentário contou com a trilha de Lula Barbosa, cuja versatilidade aparece em discos, filmes e comerciais de TV ao longo da carreira.
O repertório trouxe canções do álbum de mesmo nome e outras conhecidas do público, algumas gravadas por artistas como Caetano Veloso e Miriam Mirah (Mira Ira), fundadora do grupo Tarancón e também parceira do músico, além de outras que acompanharão os parceiros nessa turnê.
Entre prosas e canções traçadas com maestria por Lula Barbosa, estrela de primeira grandeza da nossa música, o historiador, compositor e parceiro de Lula brindou o público com seu conhecimento ímpar sobre o país e histórias pessoais recheadas de cultura e beleza descomunal. A cada intervalo, uma pérola da história. Delarth lembrou que atualmente temos mais de 300 etnias e mais de 200 línguas indígenas no Brasil, que à época da chegada do colonizador contava com mais de 8 milhões de habitantes.
Ao final do show, Lula Barbosa lembrou que esteve no Solar do Casarão no início da reforma e estava feliz por retornar e ver a obra concluída. E encerrou, sobre fortes aplausos, com a canção Tomaracá, cujos versos Tomara, tomara aqui/ Tomara, tomara cá/ Tomara que um dia eu volte /nesse mesmo lugar ganharam um improviso que abrilhantou o espetáculo ao final da tarde de domingo: “tomara, tomara aqui, tomara, tomara cá, tomara que um dia eu volte, no Casarão pra cantar”.
O vídeo desta apresentação em breve estará no Youtube , conforme adiantou a produtora artística Vanda Fiorani. Aguardem. Aqui, um trecho da apresentação.