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Muito além do Janeiro Branco: Atibaia fomenta ações em prol da saúde mental

Iniciativas envolvem usuários do CAPS II, profissionais da saúde e população na promoção do bem-estar psicossocial

A médica brasileira Nise da Silveira mudou os rumos da psiquiatria ao propor o afeto como método de tratamento. Utilizando a arte, a criatividade e os vínculos afetivos com humanos e outros animais no tratamento de pacientes psiquiátricos, a trajetória pioneira dela não só é umas das fontes de inspiração para o trabalho em saúde mental desenvolvido em Atibaia, como também foi o tema da exposição visitada por um grupo de pacientes do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS II, na mais recente ação de toda uma série de iniciativas promovidas pela Prefeitura em favor do bem-estar psicossocial.

O primeiro mês do ano foi marcado pela campanha Janeiro Branco, com ações de conscientização para incentivar os cuidados e a construção de uma cultura de saúde mental. A programação 2023 promoveu atividades gratuitas e abertas a toda rede de saúde, assistência social, pacientes e comunidade, incluindo sessão do filme “O Solista” no CAPS II, a roda de conversa “Janeiro (muito além do) branco” no Coreto Sílvio Caldas, a palestra “A descentralização do cuidado em saúde mental”, a atividade especial “Brincando com as emoções” no Ambulatório de Saúde Mental Infantojuvenil e a caminhada “A vida pede equilíbrio”, tema da campanha deste ano.

No início de fevereiro, a Prefeitura inaugurou o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD), serviço de saúde aberto e comunitário que tem por finalidade ampliar a oferta, o acolhimento especializado e o acompanhamento multiprofissional (psicólogo, terapeuta ocupacional, médico clínico e psiquiatra, enfermeiro, técnico de enfermagem, assistente social, educador físico, oficineiro) a maiores de 18 anos com transtornos relacionados ao consumo de álcool, crack e outras drogas.

Somando-se ao CAPS-II, direcionado ao tratamento de adultos com transtornos mentais graves e persistentes, a inauguração do CAPS-AD tem possibilitado ampliar o cuidado humanizado e integrado às redes de saúde e intersetorial, garantindo assistência integral e humanizada em diferentes modalidades e níveis de atenção, de acordo com as necessidades de cada usuário.

A revolução pelo afeto
Também em fevereiro, usuários do CAPS II estiveram no Sesc Belenzinho, em São Paulo, participando de uma visita à exposição “Nise da Silveira: A revolução pelo afeto”. A psiquiatra alagoana, contrária ao encarceramento, contestou a eficácia de tratamentos invasivos e práticas violentas, que produzem doentes dopados e alienados, defendendo a liberdade e propondo a adoção das artes como método de tratamento psiquiátrico, como forma de integrar, assistir e afetar.

O afetar, na concepção de Nise, corresponde à definição de afeto dada pelo filósofo Baruch Spinoza: é aquilo que move, que toca, que mexe com a pessoa, com sua alma. Nada podia estar mais de acordo com os propósitos da visita realizada pelo grupo de Atibaia, que teve a oportunidade de trabalhar o convívio comunitário em uma experiência extraordinária, capaz de promover a integração entre os pacientes e fortalecer os vínculos com a equipe de profissionais do CAPS.