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Racismo Recreativo: quem está rindo?

Casos Fabio Porchat e Vinícius Jr. estamparam as principais notícias desta semana

“Eu não consigo respirar” (George Floyd, 2020)

Raquel Costa da Silva

Episódios violentos e microagressões de racismo e injúria racial circulam os noticiários brasileiros e redes sociais no mundo nos últimos dias. Caso Léo Lins e Fábio Porchat defendendo racismo recreativo como liberdade de expressão e mais um caso de racismo de conveniência no esporte mais famoso do mundo, o futebol. Seu nome é Vinícius Jr. hoje, mas já se chamou Pelé. Uma pessoa negra que ascende socialmente e conquista a fama, não se torna imune às agressões e abusos racistas.

É chocante assistir milhares de pessoas sendo racistas livremente e impunemente. É inaceitável um crime que adoece e mata ser tratado como esporte ou defendido como “apenas uma piada”.

O racismo é um pilar estrutural da sociedade em que vivemos e que vem se perpetuando até hoje. Das microagressões diárias na rotina de cada pessoa negra aos vitalizados e disseminados rapidamente. Ambos os casos discutidos aqui, disseminam um tipo de mensagem que comunica desprezo, que comunica condescendência por minorias raciais.

O conceito de microagressões se refere a uma série de atos e falas que expressam desprezo ou condescendência por membros de grupos minoritários. Antigamente tratado como “racismo velado”, são casos de racismo e injúria racial explícitos que afetam a dignidade e a saúde mental dessas pessoas, tanto quanto os casos explícitos.

O humor racista opera como um mecanismo cultural que incentiva o racismo, mas que ao mesmo tempo permite que pessoas brancas possam manter uma imagem positiva de si mesmas. Elas conseguem então propagar a ideia de que o racismo não tem relevância social. Torcedores agredindo verbalmente jogadores negros, comportamento que é sempre justificado como humor ou recreação e gerando lucros às grandes empresas às custas de humilhação de um profissional negro.

Segundo Adilson Moreira, autor do livro O que é Racismo Recreativo?, “o humor racista é um tipo de discurso de ódio” pois “piadas racistas só fazem sentido dentro de uma situação marcada pela opressão e pela discriminação racial”.

O Governo Brasileiro hoje com representantes negros como Silvio Almeida, Anielle Franco, juntamente com Lula, se posiciona para punir e repreender essa prática violenta, em referência ao caso Vini Jr. E você, como se posiciona?

E ainda, há muito a se refletir: Quem está rindo? Quem está se divertindo? Às custas de quê e quem? Realmente os fins justificam os meios?

Racismo não é entretenimento. Nossa dor não tem graça. Parem de nos matar.

Raquel Silva é bióloga, ativista social e ambiental. Mestre em Ecologia e Conservação e doutoranda em Ambiente & Sociedade pela UNICAMP. Co-fundadora da Aliança Negra.

A Coluna Dialetos – Aliança Negra ocupará espaço toda semana no Correio de Atibaia para falar de Sociedade & Diversidade.