ORIXÁS: arquétipos da Umbanda
Guilherme Ishikawa
Quase toda religião tem uma maneira de se apresentar, conforme o entendimento e o universo em que se encontra. Das religiões de matriz africana, tanto a Umbanda quanto o Candomblé têm como parte essencial de sua fé a presença dos Orixás, forças que movem as vidas e os desígnios divinos. Elas são divididas em sete categorias: Oxalá, Ogum, Iemanjá, Oxum, Xangô, Iansã e Oxóssi, as quais foram sincretizadas com santos católicos, santos populares ou até personagens que fizeram parte da história africana, europeia e do nosso Brasil.
Foi durante o período da escravatura brasileira, de 1538 a 1888, que originários e afrodescendentes precisaram, por necessidade de conservar suas raízes religiosas, adaptar seus orixás a figuras de santos católicos, geralmente aqueles mais devotadas pela família de seus senhores, pelas igrejas próximas, às famílias e pelos donos de engenhos. Muitas vezes, os ritos eram celebrados dentro das próprias senzalas, uma saída para acalmar e fortalecer seus espíritos em meio às torturas físicas e psicológicas.
A principal característica que encontramos em quase todos os terreiros é a presença de imagens de santos católicos que, por vezes, podem confundir os locais de adoração com uma capela. Mas além dos ícones cristãos, há aqueles de origem nativa em solo brasileiro, os Caboclos, representados na linha de Oxóssi, protetores das matas e portadores das flechas, manifestadas na imagem de São Sebastião. Há também representações de entidades espirituais como os Exus, ligados às manifestações de Ogum, o espírito guerreiro e da justiça divina, sincretizadas com a figura de São Jorge.
Pesquisa realizada pelo site de notícias G1 em 2023 observou que em abril, no Rio de Janeiro, a entidade de umbanda mais influente era Ogum, já naquele mês muitos terreiros se organizavam para festejar São Jorge, que na cidade carioca era Padroeiro, enquanto no Recife era Oxóssi. O objetivo da pesquisa era ver qual entidade tinha maior poder. Conforme o padroeiro de cada cidade, o sincretismo gera uma comoção grande, inclusive para as religiões de matriz africana, trazendo a lembrança das entidades que são o motivo dos umbandistas agradecerem por terem elas como parte de suas vidas, por cada dia que seus ancestrais lutaram para tornar realidade essa tradição milenar em terras brasileiras.
Guilherme Ishikawa é formado em Jornalismo pela UNIFAAT.