Às mulheres de Atibaia: Araceles Stamatiu
Juliana Gobbe
Conheci Araceles Stamatiu (Celita) numa noite em que ela nos recebeu em sua casa para uma conversa sobre a história de Atibaia, desde lá eu nunca mais desgrudei dela…risos.
Formada em jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, atuou bravamente em diversos veículos da imprensa paulistana, como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Editora Três, Editora Europa, entre outros meios.
Ao longo de sua trajetória, com seu apurado e elegante senso investigativo, Celita foi descobrindo histórias, impulsionando acontecimentos e decifrando enigmas. Há nela uma característica ímpar: O gosto pelos acontecimentos e de que maneira eles se desdobram na nossa sociedade.
Atibaia deve a ela muito do que se foi produzido em termos do descortinamento da recente história, através de belos projetos editoriais, Celita encantou e recontou a vida social da cidade.
Gostaria de destacar aqui sua passagem frutífera pelo Museu Municipal João Batista Conti (o local leva o nome do tio dela). O Museu faz parte da sua trajetória, arrisco-me a dizer que faz parte de toda a sua memória, pois ela é uma espécie de guardiã da história local.
Entre livros, jornais e objetos seculares, ela trouxe ao público de Atibaia uma vasta produção de obras que reverberaram um perfil da sociedade atibaiense com boas pitadas do passado e olhos firmes no futuro.
Quem visita o Museu Municipal João Batista Conti encontra ao lado da escadaria uma galeria com fotos dos ex-prefeitos locais. Celita com sua visão emancipadora resgatou a foto que ali faltava: Maria José da Silva Salgado (a prefeita Cotinha) e isso é um feito, pois esta nem era mencionada. Sim. A conquista das mulheres por espaço foi e é árdua. Lutemos!
Outra alegria que ela nos deu, foi a edição primorosa que fez do Jornal Tentativa, também nos presenteando com os feitos de artistas sensacionais como André e Dulce Carneiro.
Tive o prazer de transitar com ela e o nosso saudoso Gilberto Sant’Anna pelas escolas de Atibaia onde os dois falavam sobre a História desta antiga cidade no interior de São Paulo. Celita sempre tinha na algibeira um caso engraçado sobre a urbe e alunos e alunas se divertiam com seu jeito extraordinário de contar histórias.
Celita é imensa, sempre iluminando e deixando brilhar todas as pessoas que dela se aproximam. Sua face contemplativa e o gosto pelas longas conversas em nada dialogam com a nossa sociedade atual: acelerada, programada e sem cor.
É um presente poder conviver com esta figura que desperta sonhos e impõe olhares significativos sobre os antigos acontecimentos.
Há um ditado chinês que diz o seguinte: “Uma gota de bondade deve ser retribuída com uma fonte em troca”. A nossa Celita é, sem dúvida uma fonte de bondade, conhecimento e humor e este texto a minha pequena gota, pois sua vida exitosa nos convida a segui-la como inspiração.
Para você só tenho flores, sorrisos e abraços apertados.
* Juliana Gobbe é Doutora em Filosofia e História da Educação pela Unicamp. Autora de Óculos de Marfim, À esquerda do Império (2017) e Os primeiros tempos da literatura atibaiense (2024). Coordena o blogue “Tecendo em Reverso”, os coletivos Abraço Cultural, Kalúnia e participa do Coletivo André Carneiro.