A política do futebol brasileiro
Temos muito a mudar, mas sem que seja desejado mudanças
O anúncio da renúncia da candidatura à presidência da CBF expôs Ronaldo, Federações e Clubes, mas sobretudo a política que permeia essas relações. Lançado como opção capaz de promover mudanças estruturais necessárias, Ronaldo Fenômeno careceu de poder, naufragou na aceitação inicial e se viu sem apoio. Sem ter sido sequer ouvido por qualquer entidade, recuou. Talvez, não houvesse outra opção.
Ronaldo é vítima e, também, fruto de um país que relativiza. Entende as lutas, mas escolhe as quais quer ou tem forças para lutar. Do ponto de vista de algumas agremiações, a questão política pode explicar a falta de respostas que o candidato enfrentou. A mensagem de apoio à atual gestão contrasta com tantas reclamações e oportunidades não aproveitadas em nossos campeonatos.
Uma dessas questões é a Liga Nacional de Clubes que segue sendo embrionária. Assim, a gestão do campeonato segue com a CBF. Os blocos de clubes existentes – que poderiam formar a Liga, ainda se distraem em discordâncias básicas que impedem nosso futebol de crescer. Seja em calendário, em campeonatos pouco rentáveis, ou em praças e clubes sem condições de competir. O futebol brasileiro agoniza sem que se perceba e carece de realidade.
A realidade que temos, por ora, é que os envolvidos desejam preservar o cenário atual, evitando mudanças que possam ameaçar interesses já estabelecidos. É preciso coragem e vontade política para se romper com práticas antigas e construir um novo caminho. Por enquanto, nada muda; mas por quanto tempo ainda não se sabe.

Bruno Velasco
Jornalista formado UVA – Universidade Veiga de Almeida (RJ), com experiência em documentário esportivo e com viés social, fotografia, rádio e produção de conteúdo pela Agência ZeroUm, SP.