Por dentro do jogo – A gangorra do Corinthians
Sim, o time estava desfalcado. Irreconhecível em campo, talvez poupando para o Brasileirão, vide o tamanho de seu elenco curto, e muito aquém de sua história.
O Corinthians que tem tido apresentações que variam muito, não convence há alguns jogos. Venceu o estadual mais difícil do Brasil e teria repertório para, nesta terça, 08, entregar muito mais do que se viu. Mas sofreu para demonstrar qualidade durante o jogo.
Com Yuri no banco, sem Depay, sem Garro, os Alvinegros não conseguiram entregar o que se esperava. Pouca posse de bola produtiva, pouca posse de bola estratégica defensiva. A reabilitação que se esperava após derrota na estreia poderia vir diante do América, em Cali, mas uma desatenção coletiva custou caro.
Após um lateral batido rápido, uma defesa distante e desatenta não conseguiu impedir o gol. O único da partida no primeiro tempo, aquele que o Corinthians não poderia sofrer. Aquele que o Corinthians desaprendeu a marcar para vencer.
O que se viu em campo foi o resultado de uma decisão. Pode parecer cedo, mas o time do Parque São Jorge demonstrou ter feito sua escolha. Difícil, porém necessária no momento, escolhendo priorizar o Campeonato Brasileiro. Cair ou brigar contra a queda seria uma tragédia ainda maior do que esse momento em que se arrasta sem ideias em campo.
E é, justamente, essa dimensão que incomoda. Enxergar um time abaixo (muito abaixo) da sua história é complexo. Porém um exercício necessário para entender os cenários que levaram a equipe a esse momento. Sobretudo após um título que mostrou que o time era capaz de competir.
As limitações vistas em campo mais uma vez, na prática, talvez só cairiam sobre o treinador. Mas precisam ser contextualizadas, é uma questão de um conjunto, de gestão profissional de futebol. E o resultado só não pareceu pior após algumas mudanças de Ramón Diaz. Uma pressão desordenada, uma bola desviada. O empate. Que o Corinthians não desvie daquilo que é preciso realmente fazer diferente para melhorar.

Bruno Velasco
Jornalista formado pela UVA – Universidade Veiga de Almeida (RJ), com experiência em documentário, fotografia, rádio e produção de conteúdo pela Agência ZeroUm, SP.