Festival, festejemos!
Juliana Gobbe
Celebrar a vida em todas as suas manifestações faz-se importante, sobretudo quando falamos de corpos “indesejáveis” no espectro das políticas neoliberais em consonância com o descaso relacionado a estes corpos.
Cabe aqui, a ressalva da também chamada aceleração temporal, na qual nossos sentidos são entorpecidos com estímulos rápidos e em nada fortalecedores das questões contemplativas do viver.
Aqui e acolá, a objetificação e o culto a um ideal de corpo normatizado e normatizável vai encontrando eco nas mídias e ressoando como lei a ser seguida sem nenhum critério pela nossa carência e alienação, que aliás, nos são impostas pelos idealizadores dos limites contemporâneos.
Fica o questionamento sobre o papel das mulheres, corpos gordos, comunidade LGBTQIAPN+, pessoas gordas, negras, com deficiência, periféricas, idosas e de todos os tipos de corpos nesta sociedade que aniquila o que julga não ser produtivo ou no caso da comunidade LGBTQIAPN+: reprodutivo.
Os parâmetros são claros: as falsas noções do que é belo e útil num horizonte tragado pelos processos de servidão. Logicamente, estes cerceamentos implicam diretamente na nossa saúde mental. Diante da barbárie, não estamos sãs, muito menos salvas da expropriação do deleite de ser o que bem pretendíamos ou aspirávamos. Nossa luta para transformar as coisas é imensa. Movimentos são bem-vindos, inadiáveis e necessários.

Assim foi o Festival Lugar de Mulher – Edição Danças Negras idealizado e produzido por Réka Dartte com oficinas, cortejos e arte para todos os corpos. Realizado entre março e abril de 2025, o evento acolheu e interagiu com mais de 150 pessoas em Atibaia.
Durante os processos, soube que a emoção tomou conta, sobretudo das mulheres inseridas e abraçadas por um evento inovador e importante para fortalecer laços, despertar consciências e tocar nossos corações.
Calar-se é bem mais fácil do que agir, no entanto, nossa Réka tem procurado com seus projetos e manifestações, traçar um espaço de voz e luta para pessoas que ao longo da história, permaneceram silenciadas!
Parabéns, Reka Dartte! Seu trabalho é imprescindível!