O abre e fecha de lojas no centro da cidade
O vai e vem no jogo de forças do mercado
O centro da cidade pode dizer muito sobre o lugar. A cultura, o modelo de negócio que melhor se adequa, a forma de interagir do público com as marcas, mas sobretudo pode evidenciar a saúde financeira daqueles que empreendem. E quando observamos de forma um pouco mais atenta, o centro de Atibaia oferece questionamentos importantes. Um deles é o constante abre e fecha de loja e o desafio de recompor tantos pontos comerciais disponíveis nesse cenário.
É notório e diz muito sobre o momento econômico – macro e micro – que estamos enfrentando. O crescimento significativo de novas empresas demonstra que 73,9% eram de MEIs, Microempreendedores Individuais, algo que pode ser entendido mais como uma tendência à formalização que uma estratégia voltada à criação de pequenos negócios.
Esse descolamento da realidade pode ser um dos fatores que explicam tantos negócios abrindo e fechando na cidade. E tantas salas e pontos comerciais disponíveis. Os valores para locação, com o aumento da população na cidade, seguem em alta e não parecem enxergar o aumento de ofertas – sim, existem mais pontos sendo disponibilizados – e a baixa procura potencial, vide o poder de negociação menor de algumas empresas.
O recurso limitado é outro fator que impede obrigações com custos maiores. É preciso ter equilíbrio nas contas, e saber a hora de mudar o jogo de forças é um fator crucial. Nem sempre as empresas conseguem passar de MEI para Pequeno Porte. Para muitos, a diferença é grande demais frente às obrigações fiscais e operacionais que o negócio exige.
Assim, muitas lojas engrossam o número de empresas que encerram ou mudam seu foco de operação para o digital. Com menor custo, mas com uma obrigação maior de posicionamento, o ingresso ou a preferência pelo mercado online é uma opção viável, mas que não pode ser compreendida fora do alcance da dinâmica que é operar uma loja em Atibaia.
Com incentivos, o poder público da cidade se destaca promovendo e apoiando políticas voltadas a pequenos e novos empresários. Entretanto, criar um espaço público – para além do Facilita – pode ser uma solução que atraia e crie um polo diferenciado de empresas que necessitem de maior apoio e cuidado para se consolidarem. A economia local é importante e reflexo de um todo. Para além dos programas de capacitação é preciso ação que consolide a arte de empreender.

Bruno Velasco
Empresário com experiência no Segmento de Franquias e Gestão de Clientes Corporativos há mais de 25 anos. Multiprofissional formado em Comunicação com habilitação em Jornalismo pela UVA – Universidade Veiga de Almeida (RJ), com experiência em documentário, fotografia, rádio e produção de conteúdo pela Agência ZeroUm, SP.