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Precisamos falar sobre a educação

Jessica Miranda*

Ler a notícia de que uma professora de 71 anos fora morta por um de seus alunos de treze anos causa imenso choque. A professora em questão lecionava na zona oeste de São Paulo e seu nome sempre será lembrado: Elisabete Tenreiro. Uma mulher que exercia o ofício “como propósito de vida”, segundo sua filha. Outras quatro pessoas ficaram feridas durante o ataque, que só terminou após o agressor ter sido desarmado por duas outras professoras.

Até noticiarem situações como essas, pensamos nas escolas como locais seguros, cujos muros a protegem de vivenciar a violência. Entretanto, a partir do que fora apurado até agora, a violência se fazia constantemente presente dentro da instituição, assim como em tantas outras pelo Brasil. Isso evidencia que precisamos falar sobre o processo educacional do nosso país, que não vai nada bem, e que, além da violência, enfrenta a evasão escolar, o desinteresse, a indisciplina e muitas outras dificuldades que são apenas sintomas – e não a causa real do problema.

Um passo importante, e que já estamos dando, é olhar para o aluno como um ser biopsicossocial e que a aprendizagem não tem relação apenas com o pedagógico. Pois, além de frequentar a escola, ele também tem uma família, tem seus interesses, aspectos biológicos e emocionais que estão acontecendo com ele. Tudo junto e misturado e que causam impacto no seu processo de aprendizagem. Engana-se quem pensa que a aprendizagem é passiva, pois aprendizagem pressupõe dialética.

Se já entendemos isso e temos um sistema educacional que se propõe a acontecer para todos e em todos os lugares do nosso país, agora só precisa focar na qualidade real dessa execução. Proporcionando que professores e funcionários não precisem ficar constantemente apagando incêndios, adoecendo mental e fisicamente por experimentarem de um intenso desamparo por resultados educacionais que são bonitos no papel e que não condizem com a realidade de estar em sala de aula.

O que fica dessa trágica situação? A reflexão e a convocação importante para que o sistema educacional do nosso país seja repensado e que governantes, mais do que lamentarem por ocorrências como essa, desenvolvam políticas públicas que trabalhe suas instituições como um todo: escola, alunos, família e toda comunidade se desenvolvendo juntos.

* Jessica Miranda é psicóloga, engajada em movimentos sociais, com experiência na área de Mediação de Conflitos em escolas públicas e Conselheira de Direitos Humanos do município de Atibaia.