Léo Ortiz fala sobre volta aos campos, o que aprende em outros esportes e chance de vencer Sul-Americana
O zagueiro do Red Bull Bragantino concedeu entrevista ao Correio de Atibaia onde sobre o momento dele como atleta
De volta aos campos depois de 295 dias parada, Léo Ortiz falou ao Correio de Atibaia. Recuperada após lesão no ligamento cruzado o capitão e zagueiro do Red Bull Bragantino, falou sobe o longo período afastado dos gramados e como foi a recuperação dele. Além disso, o atleta compartilhou sobre seu conhecimento futebolístico, visão tática, aprendizado com outros esportes e os desafios e ambições do Red Bull Bragantino.
Confira a entrevista completa:
Evolução como atleta no período lesionado
Durante esse tempo (parado por conta da lesão de ligamento) eu melhorei, ele fez com que eu me amadurecesse ainda mais como jogador, como pessoa também. Como atleta de procurar prestar atenção nas palestras do mister (Pedro Caixinha), no que ele falava, até porque eu sabia que entraria no meio do ano e com uma comissão nova, com um jeito um pouco diferente de jogar, em algumas formas, estar antenado nisso para que eu voltasse o mais pronto possível. Para que não tivesse que correr atrás em relação a entender a parte tática, entender a maneira que o time joga.
Assisti alguns jogos meus, isso já é do meu costume, e com esse tempo fora, com saudade de voltar a jogar, acabei pegando alguns vídeos de jogos importantes. Evoluiu em tudo. Eu falei muito tempo com o psicólogo do clube, o Augusto, tentei deixar tudo pronto para quando eu voltasse eu tivesse outras coisas que eu gostaria de me preparar mais pros jogos. Então falava com o Rafa, analista de desempenho, com os outros analistas também, para que no pré-jogo a gente montasse uma reunião para se preparar pros jogos, para pegar os vídeos dos adversários, pegar tendências dos adversários para que eu pudesse estar cada vez mais preparado. Eu acho que sempre fui um cara que gostei disso, sempre me preparei pra isso, mas achei que poderia fazer mais. Durante esse tempo (parado) eu pude me preparar de outras formas também, para que voltasse melhor ainda.
Novas metas após o retorno
Agora a gente volta a rotina normal e lógico cria metas um pouco maiores por já estar jogando e eu sempre coloquei nos outros anos no começo da temporada colocava objetivos coletivos, de vencer títulos, de buscar grandes campanhas também, mas também objetivos individuais de buscar uma Bola de Prata, como conquistei, de estar na seleção do Campeonato Paulista, seleção da Copa Sul-Americana, ser convocado de novo. Essas metas eu sempre vou colocando e sempre vou buscando coisas diferentes e evoluindo esse é o principal. Lógico que agora o objetivo maior é conseguir voltar a forma física ideal, durante esse tempo eu trabalhei muito isso para ganhar força, não só de membro inferior como superior também, para estar o mais preparado possível. A gente sabe que a forma física de jogo é completamente diferente, então isso é só jogando só ganhando ritmo de jogo é estando dentro de campo.
Adaptação ao jogo do Caixinha e novos companheiros de time
A relação sempre foi boa, eu procurei me manter próximo, conhecendo os jogadores por fora do campo, porque dentro do campo eu não estava. Mas já dá um conhecimento, você conversar. Alguns jogadores já conhecia de outros anos, de jogar contra, que chegaram e agregaram muito pro time. O clube acertou muito nas contratações esse ano, eles chegaram, jogaram e agregaram muito. Não só dentro de campo, mas também na liderança e no exemplo para os mais novos. Isso está sendo muito bom.
Trabalhar com o Caixinha está sendo muito bom, desde o começo, ele é um cara que sempre esteve próximo, esteve me dando a tranquilidade para voltar da melhor forma possível. Ele sabia que eu ajudaria quando estivesse bem, mas que eu precisava voltar bem para poder ajudar ele. Fico feliz de poder ajudar, ajudando aos poucos ainda, mas é um cara que realmente mudou o clube desde o início. Passou por altos e baixos, mas acredito que isso é normal ainda mais na construção de um trabalho, ele vem mostrando que vem mudando a mentalidade do time. Não só a parte tática. Claro que ele tem ideias diferentes, formatos diferentes dentro de campo, de esquema, de pensar o jogo, mas também na questão mental, de motivar e de como tirar o melhor de cada jogador, na questão de querer ser um time vitorioso, de buscar títulos de acreditar que pode vencer qualquer adversário.
Zagueiro que participa bastante do jogo e criação de jogadas
Desde a base (percebi que poderia ajudar no ataque). Eu comecei de volante e isso me deu recursos pra olhar o jogo, poder encontrar os passes e querer ajudar o time a jogar. Quando fui para a zaga, me facilitou ainda mais, porque quando você é volante você recebe algumas vezes de costas pro ataque, é mais complicado jogar assim pra mim. Na zaga facilitou porque jogava totalmente de frente podendo enxergar os meus companheiros, podendo ajudar desde trás. Desde lá eu percebi que poderia ter um diferencial na zaga. Isso fez com que eu crescesse. A partir daí é evoluir, criar maturidade, lógico que tem muitas coisas que eu fazia, quando era mais novo e tinha recém subido no Inter e hoje amadurecendo mais, você cria mais experiência, você sabe usar melhor a hora de usar a técnica, a hora de jogar uma bola para fora, simplificar mais.
Força no lançamentos longos em direção ao ataque
Desde sempre tive isso, gostei de bater na bola. É até engraçado porque vim do futsal, onde não tem muito isso, é um jogo de mais bola no chão. Quando eu comecei como volante fazia muito essa jogada, de receber e virar. Daí na zaga, jogando de frente, facilita para ver os companheiros. Desde a época do Inter, quando eu subi, já na minha estreia dei uma assistência num lançamento assim. Ficou como característica e a partir dali, comecei a tentar aprimorar ainda mais, para que fosse mais assertivo.
Quando eu era mais novo, como tinha um bom percentual de acerto eu comecei a fazer isso toda hora e os adversários começaram a perceber, então precisei a adaptar um pouco também. Para jogar mais curto, as vezes fazer uma virada mais central, mais nas contas da defesa em vez de virar mais em diagonal para o ponta. Isso foi criando dúvidas (nos adversários). Aqui, principalmente, os treinadores foram adaptando algumas coisas. Como o meia infiltrar entre o zagueiro e o lateral, para que o lateral tenha que fechar e aí a bola entre no ponta mais livre. Essas dinâmicas foram facilitando para que eu tivesse um percentual maior de acerto e também na qualidade do passe.
Como ele usa outros esportes para evoluir como jogador de futebol
Os esportes são diferentes, mas algumas coisas são similares. Tem coisas do basquete e do futebol americano, que eu também gosto muito, que se assemelham, as vezes em marcação 1×1, o trabalho de pés de alguns jogador, como o jogador se posiciona para uma jogada. No basquete tem muito um pra um, então você vê a maneira com que o cara marca, acho que essas coisas, é algo que gosto de acompanhar. Os treinos dos jogadores, não só, dessa parte mais técnica, mas também da parte física, tem muita coisa que as vezes eu trago para os preparadores aqui de algo que vejo de jogadores de alto nível fazendo e que acho que a gente pode implementar e trazer um ganho aqui para o futebol.
As estatísticas também, eu acho que esses esportes tem muitas estatísticas mais avançadas que no futebol e que eu gosto sempre de acompanhar. Essas coisas eu procuro buscar muito, assim como falei, em relação ao analistas de fazer reuniões pré-jogo para entender tendências dos adversários, isso acho que tem muito lá. Entender se o cara sai mais para esquerda, se faz o facão pra direita, se ele busca o drible mais pra perna esquerda ou direita, isso tem bastante. A gente vê em diversos documentários, livros e podcasts. É uma das coisas que eu procuro colocar pra minha vida como atleta e que me ajudam a crescer.
Expectativa por conquista da Sul-Americana
É uma coisa que tá com a gente desde (a derrota) naquela final. Nos incomodou muito, quem esteve naquela final saiu com gosto bem amargo. Saber que a final vai ser novamente em Montevidéu, no Centenário, nos dá uma motivação a mais, de voltar e ter um destino diferente. A gente sabe o quão “estranha” foi aquela final, uma final em que a gente não conseguiu ser o nosso time, acredito que a situação de ficar um jogo morno facilitou pra eles, até por terem saído na frente no placar, ficou aquele jogo que eles gostavam, de ter de se defender. A gente não era muito um time de bola aéreas e eles tinham zagueiros muito bons nesse sentido e acabamos tendo dificuldade para criar. Não só pelos desfalques que tivemos, como não fizemos uma boa partida, não foi o time que vinha sendo durante a competição.
Dá uma motivação a mais saber que é em Montevidéu, voltar a ter essa história da Sul-Americana assim, de uma competição mais pegada, e acho que estamos com um time mais intenso, bem mais competitivo do que aquele, na época. A gente tinha um grande time, um dos melhores elencos naquela competição, uma das melhores campanhas. Mas hoje temos um time muito mais competitivo, com uma cara de ser um time vencedor e temos grandes chances de brigar por isso. Vai ser difícil, tão quão foi aquela de 2021, mas temos condição de brigar.