A vida é a melhor escolha todos os dias do ano
Alertar, ajudar e prevenir: um ato de amor, acolhimento e oportunidade. Mas como faço isso?
Marcela Santos*
O Setembro Amarelo é a maior campanha anti-estigma do mundo, e busca alertar as pessoas a olharem mais à sua volta e ofertarem ajuda, mesmo quando negada. De acordo com o site oficial (https://www.setembroamarelo.com/) a maioria dos casos de suicídio estão relacionados à saúde mental, sobretudo nos casos em que as pessoas não são diagnosticadas ou tratadas de forma incorreta. Dessa forma, esses casos poderiam ter sido evitados se os pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade, que deveriam ser ofertados gratuitamente como dever humano do governo.
Nossa equipe conversou com pessoas ligadas diretamente a causa, buscando ajuda em forma de respostas para acalmar famílias que transitam por situações como esta ou similares. De acordo com a psicóloga Isabela Genghini, o Conselho Federal de Psicologia não indica a divulgação midiática dos casos: “Os órgãos de saúde mental, não indicam que a mídia divulgue como foi o método de suicídio, pois diversos estudos apontam, que quando o caso ocorre com uma celebridade, e esse método é divulgado, vários casos começam a ocorrer da mesma maneira, por isso é contraindicado”, explica a profissional.
Para o coordenador da campanha do Setembro Amarelo no país e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, é muito importante que as pessoas próximas saibam identificar que alguém está pensando em suicídio. Alguns sinais, que na verdade são pedidos de ajuda, são comentários que demonstram desespero, desamparo e desesperança, como: “eu desejaria não ter nascido”ou “caso não nos encontremos de novo”, além de comportamentos como o isolamento social, alterações de humor, impulsividade e baixa autoestima.
Falar sobre suicídio ainda é um tabu em nossa sociedade. É necessário trazer o assunto para perto das pessoas como forma de alertá-las e até mesmo salvá-las destes pensamentos com tratamentos que realmente as ajudem. Para a psicóloga, “falar sobre o assunto é a melhor opção, sem dúvida. Contar com o suporte familiar, amigos ou uma pessoa de confiança para desabafar e conversar é um dos fatores de proteção, além de praticar de alguma espiritualidade”.
Ela aponta dois fatores de risco: pessoas que já tentaram cometer o ato e, por alguma razão, não conseguiram.“Elas têm mais chances de novas tentativas, além de transtornos de depressão, bipolaridade, esquizofrenia e personalidade”, afirma a psicóloga. E prossegue afirmando que há também fatores secundários, como falta de esperança, doenças terminais ou diagnósticos médicos sem curas, bem como problemas financeiros.
Se a pessoa tem dúvidas acerca dos sentimentos e da forma como vive, existe o Centro de Valorização a Vida – CVV. Por meio de chat ou pelo telefone 188, de maneira anônima e gratuita, pessoas ficam a postos 24h por dia para ajudar e escutar aqueles que precisam ou estão passando por problemas e questionamentos internos. Toda cidade possui também os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), atendendo até mesmo nos bairros, apontam Isabela e Antônio.
A Associação Brasileira de Psiquiatria busca levar informações corretas para sociedade, atuando na conscientização da importância da saúde mental com ações nas mídias sociais e episódios exclusivos no podcast “Psiquiatria em Pauta” (disponível nas maiores plataformas de streaming de áudio) e programas ao vivo no ABP TV (canal da ABP que transmite conteúdos sobre saúde mental, ao vivo todas às terças no Youtube, Instagram, Facebook e no site www.abp.org.br).
* Marcela Santos é acadêmica do curso de Jornalismo da UNIFAAT.