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Moradores do interior desconhecem o Dia Mundial sem Carro

Aldo Williams*

Com o intuito de conscientizar os cidadãos, em 22 de setembro é celebrada a iniciativa do Dia Mundial sem Carro. As principais recomendações são o uso de veículos que não utilizam combustíveis, transporte público e “caronões” entre vizinhos. A iniciativa teve início na França, em 1997, todavia só foi adotada no Brasil em 2001. A data chegou a São Paulo em 2003, através de campanhas e iniciativas cívicas, até ser apoiado pela Prefeitura em 2005. Apesar de a data estar completando 21 anos no Brasil, ela segue fora do radar do cidadão médio brasileiro. Levantamento realizado pela TIM telefonia com 58.312 pessoas acima dos 24 anos mostrou que 46% sequer ouviram falar da data e 28% conhecem de forma branda.

No interior, a falta de conhecimento é ainda maior. Foram ouvidos 40 habitantes do munícipio de Mairiporã em relação à adesão a esta data sazonal e todas as respostas foram iguais: as pessoas não apoiariam. “Não me vejo aderindo a essa data. Acabei de ficar ciente dela, porém não vejo atrativos em deixar o carro de lado para enfrentar um ônibus lotado, visto que, de certo, a Prefeitura não aumentaria a rota”, afirmou Marcos Mello, morador de Terra Preta que vai para Mairiporã a trabalho de segunda a sexta-feira. Ainda segundo dados colhidos pelo repórter, apenas três dos quarenta entrevistados conheciam a data previamente.

A Prefeitura de Mairiporã, por sua vez, não divulgou ou promoveu a causa. Em 2021, o Dia Mundial sem Carro não foi citado no noticiário, na Imprensa Oficial e, até o presente momento, não se iniciaram campanhas para 2022.

Como o uso excesso de carros nos prejudica?
Apesar de ser um conceito altamente disseminado ao público (os danos causados pelos automóveis que utilizam combustíveis fósseis), segundo dados do Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros no Munícipio de São Paulo, os carros são responsáveis por 72,6% da emissão de gases do efeito estufa na atmosfera. A falta de conhecimento dos cidadãos é uma etapa a ser trabalhada. “A alta taxa de uso de carro também é um problema social. No Brasil, carro é uma questão de status”, aponta Iete Rodrigues Reis, educadora, bióloga e ativista de causas ambientais. Ela prossegue: “essa mentalidade, herdada dos Estados Unidos, é altamente incentivada pela mídia”.

Além dos problemas ao ambiente, o alto uso de automóveis ameaça a salubridade, tanto do motorista como do pedestre. O Ministério da Saúde revelou que, em 2020, foram contabilizados 33.497 mortes no trânsito; aproximadamente o dobro da população do bairro de Terra Preta (17.691).

Além disso, a emissão de gases prejudica a qualidade do ar. A queima incompleta de combustível é o principal emissor de monóxido de carbono e é capaz de reduzir a oxigenação, colaborando para déficits respiratórios como asma e, em casos mais graves, câncer de pulmão. “Essa terrível emissão de gases aumenta drasticamente a incidência de doenças. Além de deixar o ambiente menos higiênico. É um malefício muito grande”, explica Iete.

Cidadão circula pela ciclovia: bom para a sua saúde e para uma cidade mais limpa

Como aderir
Apesar da falta de incentivo de órgãos públicos, a mudança dos próprios hábitos é o primeiro passo para uma cidade mais sustentável.m

Caso o percurso ao trabalho seja distante, se organize com colegas de trabalho para que seja possível a ida de todos em apenas uma viagem. Dê uma chance ao ônibus nessa data, andar ou utilizar bicicletas, além de fazer bem para a sua saúde, também colabora para uma cidade mais limpa e saudável.

Aldo Williams é acadêmico do curso de Jornalismo da UNIFAAT.