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Brasil mostra caminhos, mas ainda precisa evoluir para a Copa do Mundo Feminina

A Seleção Brasileira se prepara para a Copa do Mundo, que não começa neste mês e nem é no Catar. Estamos falando da Copa do Mundo de futebol feminino, que acontece no ano que vem, 2023, na Austrália e Nova Zelândia. E neste feriado de 15 de novembro, a Seleção comandada por Pia Sundhage fez o último amistoso do ano, o 19º, e venceu o Canadá por 2×1.

A vitória diante da atual vencedora da medalha olímpica é importante para o Brasil, que perdeu na sexta-feira para a mesma seleção, e havia perdido também na última olimpíada para as canadenses. No duelo na Neo Química Arena, a seleção não fez uma grande partida, e venceu com um gol apenas nos acréscimos do segundo tempo, foi um jogo muito equilibrado, mas o escrete canarinho mostrou resiliência e uma força mental importante.

Foto: Mario C Gonçalves / Correio de Atibaia

” Jornada é passo a passo. Não são só diferentes jogadoras, mas também diferentes estilos de jogos. O fato de jogarmos contra o Canadá duas vezes, um time muito forte, é importante. Mas é só um passo para a Copa. O que acontecer em fevereiro e abril, especialmente quando jogarmos contra a Inglaterra… Lá teremos bastante respostas se continuamos com o nosso estilo de jogo e as atletas.” Fala Pia, já olhando para 2023.

Pia tem montado uma nova equipe após o ciclo olímpico. Do time eliminado pelo Canadá em Tóquio, apenas três jogadores estiveram como titulares agora nos dois amistosos contra o time canadense: Tamires, Bia Zaneratto e Debinha. Sem Formiga e Marta, duas das maiores e melhores atletas do futebol feminino o trabalho de renovação não é fácil. Nomes como Tainara, Ary e Kerolin tem aparecido bem nessa nova fase.  Ludmila, Duda, Leticia Izidioro e Geyse são outras que também vêm sendo convocadas e foram a Tóquio.

Neste ano ao todo foram 19 jogos com 12 vitórias, três empates e quatro derrotas. Foram 45 gols marcados e 14 sofridos, com um saldo de 31. O ponto alto do ano foi quando venceu a Copa América fazendo uma competição apenas de vitórias, sem tomar nenhum gol. Pia destaca que neste ano foi importante jogar contra algumas das melhores seleções do mundo. 

“Se você quer respostas boas e realistas, precisa jogar contra os melhores. O Canadá é um dos 10 melhores times e uma coisa que precisamos lidar na defesa é que são fortes, usam muito os lados. Não é só lidar com o um contra um, mas também a sequência. Se comparar os dois jogos, terão muitas situações assim. Mantivemos mais a bola, uma jogadora como a Geyse usar bem os lados, a combinação entre a Tamires e a Ary. Depois entra a Ludmila, que é rápida. As canadenses ficando mais na defesa nos dá a chance de jogar mais para frente. Podemos fazer isso melhor com essas jogadoras. Foram dois bons jogos”, analisou.

Foto: Rodrigo Seixas / Correio de Atibaia

Dentro de campo Pia vive um dilema no ataque, sobre ficar mais com a posse de bola e construir as jogadas de forma mais lenta ou “desafiar a linha” adversária. Essa linha é a linha de defesa rival e desafiar ela, é correr nas costas dela, tentar furar ela com passes rápido e no 1×1, o time brasileiro tem velocidade e drible, Pia quer aproveitar mais isso, sobretudo em duelos onde a posse de bola será dividida ou até menor do Brasil, no jogos contra as melhores seleções.

Contra o Canadá o Brasil acertou boas jogadas assim e de certa forma fez o primeiro gol desse jeito com a Bia. Mas é com a Debinha que o Brasil mais pode aproveitar isso. Porém ainda precisa melhorar um pouco mais o posicionamento nesse tipo de jogada pra funcionar melhor.

“A melhor lição deste ano é a batalha entre ficar com a bola ou desafiar a linha. A Debinha sempre tem a chance de levar a bola para frente, mas temos que achar o ritmo no ataque. As jogadoras mais importantes são as meio-campistas, que ditam o ritmo. Às vezes elas fazem bem.” Explica Pia sobre o ataque do selecionado. 

Thaís Magalhães/CBF

Na defesa, o Brasil ainda precisa ajustar a cobertura quando o time está no campo de ataque (quase sofreu um gol assim do Canadá) e na marcação em bolas aéreas. O lado do campo também tem dado mais espaço que o seguro para as adversárias. No 4-4-2 o time tem procurado ser compacto e marcar alto e com agressividade. Deu certo em alguns momentos no jogo e o gol foi de uma roubada na construção do time rival. Mas assim como no ataque, alguns posicionamentos e ajustes precisam ser feitos. 

“Fiquei orgulhosa da parte defensiva. Não é fácil mudar a organização. Jogamos no 4-4-2 e as jogadoras estão dedicadas a se compactar, a distância é importante. Acho que a forma que a defesa está hoje é bem diferente. É um desafio para muitas jogadoras abraçar essa forma de jogar defensivamente, porque não temos a bola. Tem que ser inteligente para dar certo”. Define a treinadora sueca que ainda não fala português, mas tem sido bem compreendida pelas atletas. 

O time passa pelo segundo ciclo com Pia Sundhage, ela chegou em 2019 e agora está na fase de renovação de olho no Mundial. O torneio acontece em julho de 2023, e a Seleção Brasileira integra o grupo F, ao lado de França, Jamaica e um dos vencedores dos playoffs. O time ainda não está pronto, há muito ainda para se fazer, mas o caminho é interessante.