AtibaiaCulturaDiversidadeEducaçãoExclusivasNotíciasSociedade

Cursinho popular e educação libertária

Aula inaugural do Núcleo de Atibaia da UNEAFRO reuniu mais de 70 pessoas

Coluna Dialetos – Aliança Negra

A história da educação demonstra que o acesso ao conhecimento sempre foi um privilégio, principalmente na formação dos intelectuais e técnicos das diversas classes dominantes no decorrer do desenvolvimento social. No modo de produção antigo o escravo era afastado do conhecimento, assim como o plebeu no modo de produção feudal, tanto quanto o trabalhador no modo de produção capitalista, todavia é importante salientar que quanto a este último era necessário que tivesse acesso ao mínimo de “educação” a uma “educação básica”, para que pudesse como apêndice da máquina aumentar sua produção. 

Atualmente a educação pública, a qual denominamos de “ensinos fundamental e médio”, bem como “ensino técnico”, cumprem a função de repor mão de obra ao mercado, dificultando o acesso dos filhos da classe trabalhadora ao seleto “ensino superior”. E a pior constatação: Existe um processo de precarização desse tipo de educação que objetiva criar uma reserva de mercado para dar caminho a privatização da educação pública ou transformar o conhecimento em mercadoria.

Para enfrentar a desigualdade nos aspectos educacionais, a classe trabalhadora institui seu próprio modo de preparar seus filhos, jovens negros(as) periféricos para ocupar o espaço que lhes cabe e criar seus próprios intelectuais.

É esse movimento histórico que dá origem a UNEAFRO – União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora. Em 26 de março aconteceu a aula inaugural de 2023 do Núcleo de Atibaia (Negra Visão), que reuniu mais de 70 pessoas, entre estudantes, professores, coordenadores e artistas da região. O cursinho ocupa um espaço muito importante no coração da periferia de Atibaia: o Complexo do Santa Clara.

Cinco artistas visuais imprimiram nas paredes do local os signos da luta dos trabalhadores, enquanto os poetas Felipe Nikito e Lews Barbosa fizeram ecoar a poesia falada que representou o grito dos excluídos. O cursinho popular funcionará aos domingos das 8h30 às 13h, combatendo as desigualdades e exploração do modo de produção capitalista.