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Sky Bridge Glass na Pedra Grande: respondendo às perguntas dos leitores

Rodrigo Seixas e Osni Dias

Nas últimas semanas, um dos principais pontos turísticos de Atibaia, a Pedra Grande, virou o assunto do momento na cidade. Apresentado à população pela Prefeitura de Atibaia, num primeiro momento gerou polêmica na sociedade em razão do projeto de implantação de uma passarela de vidro no local.

“Sky Bridge Glass” é o nome dado ao projeto, que se baseia em um empreendimento parecido, construído na cidade de Canela-RS. Muitos moradores foram contrários, outros a favor, e muita gente ainda não entendeu do que se trata. 

O Correio de Atibaia relacionou as principais perguntas de moradores sobre o Sky Bridge Glass e, neste texto, separamos e respondemos às principais questões.

Como é o projeto e o que tem nele?

O projeto prevê a construção de uma plataforma de vidro com mirante sobre a Pedra Grande. A ideia consiste numa passarela transparente para poder ver embaixo da parte que ficará suspensa no ar. 

Ela tem o comprimento total de 69,74 metros (32m de balanço frontal, mais 7,74m de sistema retrátil, com 30m de contra-balanço). Haverá também uma torre de 15 metros de altura.

Quem vai construir lá?

O projeto foi apresentado pela empresa Sol do Brasil Participações e Empreendimentos, com sede em Bom Jesus dos Perdões, dos sócios Ali Mohamad El Turk e Afaf Yassine.

Em que espaço da Pedra Grande ficará o Sky Bridge Glass?

Ficará na parte voltada para a cidade vizinha de Bom Jesus do Perdões, à direita da estrada que leva até o topo do monumento. Ele estará, portanto, apontado para o Nordeste. 

O que diz a Prefeitura de Atibaia?

A Prefeitura de Atibaia divulgou o vídeo com um tom positivo sobre o local, destacando a possibilidade de geração de empregos e turismo para a cidade. 

A cidade não vai investir dinheiro na construção da obra, a área é particular e não está sob gerência da administração municipal. Após dúvidas e reclamações, a Prefeitura divulgou uma nota oficial sobre.

“Conforme o projeto, a visão do principal cartão postal da cidade não será prejudicada, bem como a prática do vôo livre e o acesso gratuito à Pedra Grande, que continuarão com o mesmo funcionamento atual”

A Prefeitura, além de garantir o que foi citado acima, afirmou que vai atuar de forma rigorosa no sentido de fiscalizar e defender que qualquer ação seja autorizada pelos órgãos competentes e, principalmente, para que o ecossistema no local não seja prejudicado.

E Bom Jesus dos Perdões?

Lembrando que o local da construção fica bem na divisa das cidades de Atibaia e Bom Jesus dos Perdões, a Prefeitura de Bom Jesus dos Perdões afirma que não foi contatada até o momento pelos empreendedores. 

Em nota oficial, eles dizem abertos ao diálogo, por reconhecer o potencial turístico desse empreendimento.

O local também fica dentro da área de proteção ambiental do Sistema Cantareira.

O que diz a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo)?

Para a realização da obra a empresa precisa do aval da Cetesb que, por meio de nota oficial, informou que não emitiu autorização para estudos de viabilidade do projeto.

“A Cetesb, até o momento, não emitiu nenhuma autorização para estudo de viabilidade desse empreendimento. O que se encontra em análise no órgão ambiental é um pedido de consulta prévia, protocolado pela Prefeitura de Atibaia, sobre qual instrumento será adotado para abertura de processo de licenciamento ambiental do empreendimento.”

E o tombamento da Pedra Grande?

Há 40 anos, houve o tombamento da Pedra Grande de Atibaia, realizado após o movimento popular que persistia que a área fosse protegida. O tombamento aconteceu pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) em 6 de julho de 1983.

Por conta disso o projeto irá para o conselho do CONDEPHAAT, onde será avaliado para ser aprovado, ou não. 

Mobilização popular em defesa da Pedra Grande, em 1981. Foto: Euclides Sandoval

O MONA também irá participar 

O Monumento Natural Estadual da Pedra Grande (MONA) foi criado em 2010. Ele é localizado na Serra do Itapetinga e abrange municípios de Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Nazaré Paulista e Mairiporã. Ele tem como função a preservação da biodiversidade, dos recursos hídricos e do corredor Cantareira-Mantiqueira mantendo a conectividade dos fragmentos florestais.

Por conta disso, o projeto também deverá passar pelo MONA, que também irá se manifestar sobre esse caso. 

Quem precisa aprovar?

  • Prefeitura de Atibaia
  • Prefeitura de Bom Jesus dos Perdões
  • CONDEPHAAT
  • MONA
  • Cetesb
O movimento social em defesa da Pedra Grande protestou na laje da pedra.

 O que moradores dizem?

Em Atibaia, vários moradores foram contra e alguns coletivos ganham destaque nesse momento. O Clube Atibaiense de Voo Livre não concorda com o impacto ambiental que a construção traria para o local e também questiona o prejuízo que causaria ao esporte do vôo livre, tradicional na cidade. 

O Coletivo Socioambiental de Atibaia também é contra. Ele diz que de acordo com a legislação que protege a Laje da Pedra Grande, infraestruturas que prejudiquem a paisagem não podem ser construídas. 

Acreditamos que empreendimentos privados em unidades de conservação podem contribuir positivamente com os objetivos dessas áreas protegidas se adequadamente planejados e com consenso estabelecido acerca das contrapartidas oferecidas à gestão das UCs. Reforçamos que o envolvimento da sociedade civil organizada é um passo essencial para se discutir e planejar empreendimentos do tipo.

A Associação Serra do Itapetinga Movimento pela Biodiversidade e Organização dos Setores Ecológicos (SIMBiOSE) também se manifestou sobre o caso. Eles são contra o projeto por meio de nota oficial.

Vem por meio desta se posicionar CONTRÁRIA ao empreendimento Skybridge (Processo CETESB: 109525/2022–96), cujas sondagens para estudo de viabilidade foram iniciadas no Monumento Natural Estadual da Pedra Grande (MoNa Pedra Grande), uma Unidade de Conservação de Proteção Integral sob gestão da Fundação Florestal.

Vários desses grupos têm lançado abaixo-assinados, com um grande número de pessoas aderindo à proposta de não intervenção na Pedra Grande. 

Essa mobilização já provocou reuniões, criou uma série de ações e já foram divididos grupos de trabalho: um grupo de meio ambiente, outro mais jurídico, outro mais de ação e mobilização, mais um de comunicação e marketing. Tudo está sendo pensado, segundo Beto Tricoli, ex-prefeito de Atibaia pelo Partido Verde e uma das pessoas presentes no movimento contra a construção.

Vai realmente acontecer?

Ainda não é possível assegurar que o projeto irá acontecer, pois há a necessidade de licenciamento nos órgãos competentes (como citado acima). Em meio a questionamentos da população, principalmente de Atibaia, o projeto pode não sair do papel. 

O Correio tem tentado contactar com mais fontes de informação para obter informações para o esclarecimento de seus leitores. Assim que possível, voltará a publicar nova matéria.

Para essa matérias, além das fontes já citadas acima ouviu o biólogo Daniel Martins e usou informações deste texto (Empresa quer perfurar monumento natural para construir passarela de vidro) feito pelo site ((o))eco.