Almir Rogério: da região bragantina para o mundo
Aos 71 anos, dono do “Fuscão Preto” conta detalhes da sua carreira e do possível retorno aos palcos
Bruno Pedro
Enquanto o último dia 12 de junho era comemorado por muitos casais de namorados, o já consagrado Almir Rogério celebrava seus 71 anos de idade e 52 anos de carreira. O cantor brega romântico celebrou duplamente a data, junto com a sua esposa. O jornalista Bruno Pedro fez uma entrevista exclusiva com o cantor bragantino que estourou nas paradas de sucesso entre os anos 70 e 80 com a música “Fuscão Preto”. Nestor de Medeiros, nome registrado em cartório, nasceu em 12 de julho de 1952 em Tuiuti-SP, porém como naquela época a cidade era uma Comarca que pertencia à Bragança Paulista, em seus registros o artista ficou naturalizado como bragantino mesmo.
Bruno Pedro: O que você tem a contar sobre sua relação com a cidade de Bragança e como foi seu crescimento por aqui?
Almir Rogério: Me recordo que na minha infância sempre ia à Bragança durante minhas férias escolares. Visitava a casa dos meus avós paternos e ia também na minha já falecida Tia Julieta, que morava na rua do Rosário. Aos 9 anos de idade, um primo me levou para conhecer a Rádio Bragança, onde pela primeira vez eu peguei e enfrentei um microfone e cantei uma canção aos ouvintes, isso me marcou muito.
B.P: Como e quando surgiu a vontade de ser cantor?
A.R: Fui criado na Vila Leopoldina e aos 13 anos consegui o meu primeiro emprego numa joalheria e foi prestando serviço ali que surgiu o desejo de investir na minha carreira artística, já que me entusiasmei ao ver diversos artistas de todo o país entrando na loja e falando pessoalmente comigo. Inicialmente fiz shows em clubes, festas e eventos na cidade paulista, até que em 1967, diante do grande sucesso da Jovem Guarda na Record, surgiu uma oportunidade de entrar para televisão através de um programa de calouros na TV Cultura.
B.P: A partir daí, sua carreira começou a deslanchar?
A.R: Sim, de repente me tornei um cantor que chamava a atenção na televisão e numa de minhas apresentações no estúdio da Excelsior lembro que apareceu o diretor artístico Paulo Rocco, o mesmo que produziu Leandro & Leonardo, Wanderley Cardoso, Ângela Maria e demais famosos da época… Ele me levou à Gravadora Copacabana, me contratou e eu comecei oficialmente a deslanchar a minha carreira artística em 1970, com a música “Triste”, uma balada romântica, composta pelos grandes amigos Sérgio Reis e Marcos Roberto. Para a surpresa de muita gente a canção estourou nas paradas de sucesso e recebemos o Troféu “Chico Viola da Record”.
A dupla João Mineiro e Marciano, junto com Misael e Almir Rogério
B.P: A canção Fuscão Preto foi uma das suas maiores conquistas… Me conta um pouco sobre as conquistas que teve por causa da música.
A.R: Fuscão Preto me abriu portas para cantar em todo o país e na América Latina. Ganhei a canção de Jeca Mineiro e Atilio Versutti em 1981, o que foi um hit nacional na época, o que me colocou de novo nas Paradas de Sucesso. A música me fez campeão de vendagens e me rendeu discos de ouro, platina e diamante, vendendo mais de 1,5 milhão de CS e LPs. O sucesso da música também proporcionou com que eu gravasse um filme com o nome da canção, no qual foi estrelado por ninguém mais e ninguém menos do que Xuxa Meneghel.
B.P: Há ainda alguma chance de você retomar a sua carreira e voltar aos palcos?
A.R: Estou preparando um pot-pourri de tudo o que eu gravei e de umas coisas novas também… O projeto não é uma despedida, pelo contrário, eu ainda faço shows, inclusive estive recentemente em Santa Catarina, Aracajú e Fortaleza. Eu tenho essa esperança de retornar e abraçar as pessoas que de certa forma ouviram minhas canções e admiram o meu trabalho, mas claro, não quero fazer muita loucura, pois já são mais de 50 anos de carreira, né, finaliza Almir Rogério, aos risos.
Matéria produzida para a disciplina Estágio Supervisionado, sob orientação do professor Giuliano Tosin.
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