Transportes públicos tentam se adaptar à acessibilidade
“Já perdi prova do Enem por conta de ter travado o elevador e o transporte não conseguir seguir viagem; desde então em alguns casos evito utilizar o elevador”, relata Alan, cadeirante e usuário de transporte público urbano.
Jéssica Lima
No Brasil, a maioria da população utiliza transportes públicos para se locomoverem de um local ao outro, seja para trabalho, estudo ou passeio. Nas cidades do interior de São Paulo não é diferente. Em Bragança Paulista e Atibaia, a população conta com horários e algumas redes de transportes públicos mais utilizados, porém ainda sofrem com dificuldades em acessibilidade nos ônibus urbanos.
Com o objetivo de investigar se a cidade possui ônibus com acessibilidade e elevador adaptado para cadeirantes, a reportagem investigou os meios de transporte das empresas Sancetur Sou Atibaia, Viação Atibaia e Viação Bragança. Verificamos os ônibus urbanos e rodoviários e se os motoristas possuem treinamento para ajudar na locomoção dos passageiros com algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida.
“Todos os motoristas dos transportes públicos que utilizo estão sempre dispostos a ajudar da melhor forma, porém nem todos os ônibus são adaptados, diz Alan Torres, 25 anos, morador da cidade de Bragança Paulista. Cadeirante por conta uma meningite meningocócica, ele utiliza os ônibus para ir ao trabalho em Atibaia.
Em contato com a Viação Atibaia, o funcionário Guilherme Martins, que trabalha na parte do no SAC da empresa (com informações dos horários dos ônibus), disse que os ônibus urbanos da Viação possuem elevadores em funcionamento e que todos os motoristas recebem treinamentos para ajudar pessoas que precisam utilizar. Além disso, Guilherme comentou que os horários de ônibus de rodoviária de Atibaia para São Paulo podem ser acompanhados no site ao comprar a passagem ou pelo Whatsapp da Viação. “Quando o passageiro for comprar a passagem, a pessoa notifica o agenciador na rodoviária que a pessoa é cadeirante, porque aí ele irá comunicar na garagem que no horário que a pessoa efetuou a compra da passagem, eles mandem o ônibus adaptado”, disse.
Porém, a prática fica a desejar. Jéssica Almeida, moradora de Atibaia, comentou que sua tia, cadeirante, solicitou sua passagem de Atibaia à São Paulo e ligou com antecedência para confirmar o ônibus acessível. No entanto, ocorreu um erro na hora do horário estipulado, onde trouxeram um ônibus não acessível. Falhas como essa costumam ocorrer com certa frequência.
Maria (que não quis divulgar seu sobrenome), trabalha no SAC da Sancetur – Sou Atibaia, informou que seus ônibus urbanos têm acessibilidade em todos os horários. “Todos os horários que constam no site da empresa são de veículos acessíveis e os motoristas recebem treinamentos para ajudar os passageiros”, disse.
A APAE de Atibaia utiliza os ônibus da SOU com a parceria com a Prefeitura de Atibaia. “Temos os ônibus da ‘SOU’ nos horários que estipulamos para o nosso uso e os motoristas são treinados para o uso do elevador ou outro tipo de mobilidade reduzida que as pessoas da APAE possuem. Não temos problemas com o uso dos ônibus”, disse Mariana Felix, do setor administrativo.
Já em Bragança Paulista, a empresa Viação Bragança relatou que os ônibus suburbanos possuem elevadores e motoristas capacitados para a utilização dos elevadores acessíveis para os passageiros com deficiência. Já nos ônibus rodoviários da empresa, os horários que as passagens de ônibus de Bragança para São Paulo são acessíveis são: 7h; 8h; 10:30h; 12:30h; 14:30h; 16:30h; 17:30h e 19:00h. Estes possuem elevadores e poltronas com marcadores para deficientes. Segundo a empresa, neste ônibus as poltronas 17 e 18 normalmente são para cadeirantes.
Além da acessibilidade para cadeirantes, Alan Torres comentou que não existem escritas em Braile nos transportes públicos que utiliza. “A supervisão frequente dos elevadores e escritas em braile e áudios ajudariam na utilização deste transporte coletivo para deficientes visuais”.
Muito deve ser feito para que a acessibilidade em casos de deficiências e mobilidade reduzida do passageiro seja menos estressante. Em horários de pico, por exemplo, a lotação de passageiros em transporte público urbano se torna uma dificuldade para cadeirantes como Torres. Ele aponta que a superlotação dificulta colocar a cadeira de rodas no local adequado.
O Correio de Atibaia publica uma série de matérias produzidas por alunos de jornalismo da UNIFAAT durante o primeiro semestre de 2023, coordenadas por professores titulares do curso como parte da avaliação de suas disciplinas.
Esta matéria foi produzida sob orientação do professor Osni Dias e compreende discussão de pauta, reportagem, redação, revisão e a publicação. Desejamos sucesso aos futuros jornalistas e boa leitura a todos.