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Grupo Matilha propõe reflexão sobre os oceanos na exposição ‘Ocê Ano’, em Bragança

Tema está alinhado à iniciativa ‘Década do Oceano’ (2021 – 2030) da ONU, em favor dos oceanos, e seus desafios de sustentabilidade

Um mergulho no profundo azul dos oceanos, seus mitos ancestrais, suas riquezas e seus impasses no século 21, como a poluição de plástico – que causa impactos devastadores sobre os ecossistemas marinhos e, consequentemente, sobre o planeta – é a proposta do Grupo Matilha na mostra que começa no próximo sábado (16), às 15h, no Centro Cultural “Prefeito Jesus Adib Abi Chedid”, em Bragança Paulista. A entrada é gratuita.

Composto por artistas e curadores de 11 cidades, de Minas Gerais, Piauí, Santa Catarina, São Paulo e do Distrito Federal, o Grupo Matilha aponta que a exposição “Ocê Ano” – que reúne reúne pinturas, colagens, desenhos, aquarelas, gravuras, esculturas, arte têxtil, modelagem, instalação e videoarte – está alinhada à iniciativa Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), chamada de “Década dos Oceanos“, que convoca pessoas de todo o mundo a se envolver e colaborar fora das suas comunidades tradicionais em favor dos oceanos e seus desafios de sustentabilidade.

OCÊ ANO obra de Marinilda Boulay, presente na Mostra

Os oceanos do mundo (Atlântico, Pacífico, Índico, Ártico e Antártico) estão degradados por uma “poluição de plástico” composta por cerca de 171 trilhões de partículas de plástico, que totalizam cerca de 2,3 milhões de toneladas, de acordo com um novo estudo publicado na revista científica Plos One. Neste desastre ambiental, não só a vida marinha está em perigo, mas todo o planeta, que é aquecido pela poluição gerada pelos produtos químicos tóxicos na água.

Com várias técnicas e materiais como plástico bolha, lona, madeira de descarte, vidro, alumínio, guizo de vara de pesca, azulejos, tiras de tecido, entre outros, os artistas do Grupo Matilha retratam a beleza das tartarugas marinhas, do peixe-boi, da água viva, dos coloridos corais, mas também a pesca ilegal e o pedido de socorro dos oceanos.  

Segundo Oscar D’Ambrosio, curador da exposição e membro do Matilha, as obras apresentadas têm como preocupação reverter o ciclo de declínio na saúde dos oceanos e criar melhores condições para concretizar o seu desenvolvimento sustentável. Ele explica que a divisão da palavra “Oceano” em “Ocê Ano” busca estimular o diálogo com os visitantes, propondo uma participação e interação do público com o artista criador e a obra proposta, ou seja, deixando de ser mero observador para se tornar uma parte integrante do processo expositivo.

“Tratar o Oceano como Ocê indica uma intimidade com um mundo de extensão de água salgada que corresponde a 97% da hidrosfera e a 71% da superfície do planeta. Nos 10 anos da ‘Década do Oceano’, mergulhar nas conotações do tema é um ato de diálogo pessoal e coletivo que conecta indivíduos, sociedade, natureza e universo”, afirma Oscar D’Ambrosio.

E DISSE DEUS obra de Claudia Seber

Além das obras individuais, o Matilha fez uma instalação coletiva especialmente para o Centro Cultural de Bragança Paulista, que lembra os rios voadores. “Formados pelos grandes fluxos aéreos de vapor que vêm de áreas tropicais do Oceano Atlântico, conduzidos pelos ventos alísios para o continente, os rios voadores são alimentados pela umidade vinda da transpiração das árvores da Amazônia. Quando chove na floresta, a água desses rios é devolvida para a atmosfera em forma de vapor e um pouco do ‘Ocê Ano’ chove na mata”, explica Marinilda Boulay, artista do Grupo.

A exposição conta também com artistas convidados: Bily Gibbons (um dos fundadores do Matilha), Tania de Maya Pedrosa (Maceió/AL), Frei Pedro Pinheiro (Itatiba/SP), Luka Fagundes (Socorro/SP), e os artistas bragantinos Ana Roberta Lima, Bia Raposo, Fábio Delduque e Nirceu de Bragança. O catálogo apresenta ainda reflexões dos críticos de arte Sandra Makowiecky e Carlos Perktold, que integram o Grupo.

A abertura, sábado (16/03), às 15h, no Centro Cultural de Bragança Paulista, contará com a presença dos artistas do Grupo e o curador Oscar D’Ambrosio ministrará a palestra “aMAR é MARé”, seguida de visita à exposição. Na programação, em comemoração ao Dia Mundial da Água (22/03), constam mais duas apresentações: “Pescando em Águas Turvas” e “A água que move meu moinho”, às 10h e às 15h, respectivamente, para estudantes e também para o público em geral. Os encontros acontecem no mesmo local, mas no Teatro Carlos Gomes.

“Esta mostra apresenta de maneira poética, educativa e interativa a saúde dos oceanos e as maneiras pelas quais nós, enquanto seres humanos, podemos promover condições favoráveis para reverter essa situação. Através de ‘Ocê Ano’, temos a oportunidade de explorar o mundo ao nosso redor sob uma nova perspectiva, como também influenciar positivamente as novas gerações”, diz Vanessa Nogueira, secretária Municipal de Cultura e Turismo de Bragança Paulista.

A exposição OCÊ ANO, do Grupo Matilha, estará em cartaz a partir de 16 de março

Com realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e do ProAC (Programa de Ação Cultural), o projeto “Itinerância Ocê Ano”, sob curadoria de Oscar D’Ambrósio, compreende diversos formatos: produção de um curta-metragem; atividades de formação e capacitação em formato virtual; catálogo completo da exposição, com mil exemplares impressos que serão distribuídos aos museus; e lives com 19 artistas do Grupo Matilha.

Nestes encontros on-line, os artistas vão compartilhar com o público o processo criativo das obras e suas conexões com o conceito da exposição, que em maio segue para o Museu do Sol, em Penápolis (SP). Mais informações, a programação completa e a exposição virtual estão no site www.totemcultural.org.br/expo.

A Exposição virtual está no endereço totemcultural.org.br/expo/catalogo_catalog_oce-ano/
Mais Informações pelo telefone (11) 4034-6570 / totemcultural.org.br/expo/oce-ano/

PROGRAMAÇÃO

Palestra de abertura: “aMAR é MARé” – seguida de visita à exposição
Data: sábado (16/03), às 15h
Local: Teatro Carlos Gomes (250 lugares) – dentro do Centro Cultural ‘Prefeito Jesus Adib Abi Chedid’ – Rua Conselheiro Rodrigues Alves, 251 – Centro – Bragança Paulista/SP
Palestrante: Oscar D’Ambrosio, curador da exposição, pós-doutor e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras e crítico de arte
Entrada livre

Comemoração “Dia Mundial da Água”
Palestras: “Pescando em Águas Turvas” e “A água que move meu moinho”
Data: sexta-feira (22/03), 10h e 15h, respectivamente
Local: Teatro Carlos Gomes (250 lugares) – dentro do Centro Cultural ‘Prefeito Jesus Adib Abi Chedid’ – Rua Conselheiro Rodrigues Alves, 251 – Centro – Bragança Paulista/SP
Palestrante: Oscar D’Ambrosio, curador da exposição, pós-doutor e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras e crítico de arte
Entrada livre