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Moradores do antigo bairro Mato Dentro reclamam da falta de infraestrutura

Texto: Sérgio Vieira. Imagens: Veridiana Aguiar

Há 45 anos, o corretor (atualmente aposentado) Ronaldo Mancim foi um dos primeiros moradores a chegar no bairro Mato Dentro, próximo ao trevo da Fernão Dias com a Estrada D. Pedro I. Hoje, muita gente em Atibaia já não conhece o bairro por este nome, pois vários condomínios residenciais foram construídos no local, mas os mesmos problemas de infraestrutura de quase meio século são bem conhecidos por quem vive ou transita pelo bairro diariamente.

Mancim: é difícil apontar um único problema deste local

“É difícil apontar um único problema deste local. A iluminação pública é precária, falta calçamento e asfalto de ruas, não há rede de coleta de esgoto, muralha digital não atende aqui, o sistema de água da SAAE não atende todas as casas e, para piorar nossa situação, uma fábrica de transformação de plástico apareceu para incomodar muito por aqui”, resume Mancim, em tom de desabafo. Ao lado dos representantes dos condomínios Parque Residencial Atibaia, Colina Verde, Maranguape e Parque das Graças 1, 2 e 3, ele recebeu a equipe do Correio de Atibaia. A falta de infraestrutura básica no local afeta mais de 300 residências, contam os moradores.

 Segundo eles, os moradores mais antigos conversaram com todos os prefeitos eleitos desde a década de 1970 em busca de melhorias para o local, mas quase nada foi feito desde então. “Somos abastecidos pela mesma caixa de água do SAAE Atibaia que nós mesmos construímos há 45 anos”, comenta a psicopedagoga aposentada Regina Stela de Aguiar Pinto, que costuma ligar para o SAAE Atibaia toda semana para apontar vazamentos de água na rua. Devido à falta de manutenção do sistema de distribuição, a água marrom em condições estranhas para uso doméstico está virando rotina para os moradores das casas que ficam mais distantes da antiga caixa d’água.  

“Somos abastecidos pela mesma caixa de água do SAAE Atibaia que nós mesmos construímos há 45 anos”

Para o corretor Paulo Henrique Rodrigues, presidente da associação de moradores dos Condomínios Parque das Garças 1 e 3, a instalação de uma fábrica de transformação de plásticos no bairro apareceu apenas para dificultar ainda mais a vida dos moradores. Além do barulho intenso (incluindo o período noturno), a fábrica estaria exalando um forte cheiro de plástico queimado no bairro. “Abrimos mais de um chamado na Ouvidoria da Prefeitura para apurar a situação, mas até o momento nada foi feito”, comenta Rodrigues.

Nestes quase 50 anos de reclamações, os moradores já colecionam diversos abaixo assinados, reuniões para a “solução de problemas” e… promessas. Segundo eles, a mais recente promessa de representantes da Prefeitura e de vereadores da base de apoio ao governo municipal foi a manutenção constante das ruas do bairro para facilitar o trânsito de veículos.  “Nem isso foi feito. Fomos abandonados… essa é a verdade”, desabafa Ronaldo Mancim.

Respostas da Prefeitura – A Prefeitura Municipal de Atibaia foi contatada para responder às reclamações dos moradores do antigo bairro Mato Dentro.  As perguntas sobre cada um dos problemas citados acima foram enviadas por e-mail para o Departamento de Comunicação Social da Prefeitura, que redistribuiu as perguntas para cada uma das Secretarias envolvidas. Acompanhe a seguir, o que a prefeitura alega em cada um dos assuntos abordados.   

Manutenção de ruas e calçamento – Segundo a Secretaria de Serviços, a manutenção “em comboio” na região que abrange os condomínios citados no texto foi realizada entre final de fevereiro e começo de março, logo após o período mais chuvoso. A “manutenção emergencial” é executada excepcionalmente (quando há chuvas fora da temporada) e a “manutenção programada” seria realizada periodicamente ao menos duas vezes por ano. Ainda segundo a Secretaria, conforme acordado em reunião com os moradores, está prevista para acontecer novamente nessa região em outubro, antes do período de chuvas.

Saneamento básico (água da SAAE com cor suspeita nas torneiras; falta de água em longos períodos; falta de rede de coleta de esgoto; vazamentos de água potável no sistema de distribuição; manutenção da caixa d’água de distribuição do bairro) – De acordo com a SAAE Atibaia, a água turva pode ocorrer quando há interrupções no fornecimento devido a manutenções de rede e, por isso, aconselha fechar o registro borboleta durante o serviço para evitar a entrada dessa água no reservatório (segundo a SAAE as manutenções são divulgadas no site da companhia).  De acordo com a companhia, aconteceram duas interrupções prolongadas no fornecimento de água (nos dias 5 e 9 de junho), causadas por furto de cabos do sistema de bombeamento. A companhia estaria estudando melhorias na segurança de pontos remotos.

Sobre a coleta de esgoto, a SAAE diz que as atuais redes de coleta foram implantadas em 2019 e, para atender plenamente a crescente demanda da região, será necessário implantar ainda mais duas Estações Elevatórias de Esgoto (EEEs), além de providenciar a travessia da rede pela Rodovia Dom Pedro. Em razão da complexidade e magnitude das obras, a previsão é realizar a expansão da rede nessa região em 2024.

A respeito dos vazamentos, a SAAE informou que “direciona equipes para repará-los assim que são localizados e, no que diz respeito ao reservatório de distribuição, não teria identificado quaisquer problemas estruturais até o momento”.

Poluição (odor e fumaça supostamente provenientes de uma fábrica de transformação de plásticos) – As Secretarias de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Econômico foram acionadas para verificar a empresa que vem causando transtorno aos moradores do bairro. Essas duas pastas possuem competência para verificar as atividades e os horários de funcionamento da empresa. Segundo a Prefeitura, a Cetesb foi acionada para verificar a poluição causada pela liberação de fumaça.