DiversidadeEducaçãoExclusivasNotíciasSociedade

No dia do Educador, a sociedade precisa valorizar o profissional

Sofia Luz e Mônica Oliveira Aliberti

28 de maio é considerado o Dia do Educador – figura responsável por conduzir e mediar os processos de ensino, ensinar a questionar, estimular senso crítico e promover o desenvolvimento dos educandos para conteúdos curriculares. Para além deles, é o educador aquele que vem sendo esquecido e suas funções confundidas com “missões de amor”.

A educação, principalmente dentro das escolas, deve cumprir uma função social, que é a formação de cidadãos com fortalecimento dos valores de solidariedade, compromisso com a transformação dessa sociedade. Paulo Freire, patrono da educação brasileira, argumenta que a função social da escola é ensinar o aluno a ler o mundo e nele intervir positivamente.

Em todas as suas dimensões, a educação deve ser inclusiva e integrativa, considerando os diversos perfis de estudantes: bebês, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos que compõem as unidades educacionais. Pessoas com deficiência, negros, índigenas, mães, pesssoas transgênero, trabalhadores, pessoas em situação de vulnerabilidade econômica, entre outras minorias sociais devem ter acesso à educação de qualidade e gratuita, garantida pela legislação.

O educador é quem cumpre o papel de construir socialmente e educativamente o ambiente escolar. Sendo assim, refletimos: educadores são apenas os professores? Ou também são os gestores, os auxiliares de limpeza, o inspetor escolar, enfim,  todos os demais profissionais no ambiente escolar? (Lei 12.014/2009).

O quanto validamos como educativas as ações dos profissionais da cozinha, da zeladoria, secretaria, biblioteca, portaria e, é claro, sala de aula?  A escola não é formada apenas pela relação professor e estudante. Não podemos esquecer que algumas categorias profissionais são peças fundamentais para o funcionamento da unidade escolar: porteiros, vigias, merendeiras, sendo todos esses educadores em todas as ações e abordagens junto aos estudantes. Há um conceito, baseado nos ideais de Paulo Freire, que trata de sujeitos aprendizes e ensinantes, todos são esse sujeito, que em determinados momentos estão na posição de ensinar e em outros de aprender, inclusive os estudantes.

Visando ampliar a reflexão sobre a importância desses profissionais é pertinente fazermos algumas reflexões.  Como eles se sentem? Por que eles são “esquecidos”? Quais as principais dificuldades que estes profissionais enfrentam na sua jornada de trabalho? O quanto o próprio sistema da escola mobiliza os estudantes a validarem esses profissionais como educadores? O quanto esses educadores se sentem engajados e motivados a atuarem de forma referencial e exemplar junto aos estudantes? Também surge o questionamento se há o preparo para o educador cumprir as funções necessárias para o ambiente de aprendizagem acolhedor e promotor de desenvolvimento, além de que se há a valorização desses profissionais.

A educação deve estimular a experiência, a autonomia,o senso crítico, a reflexão, o diálogo, a construção coletiva, a criatividade e a abertura ao novo, o educador deve ter relações dialógicas de ensino e aprendizagem, em que ele, ao passo que ensina, também aprende. Indo além da educação bancária na qual o estudante é visto como uma “caixinha vazia” onde o conhecimento do educador deve ser depositado, substituir essa visão pela Pedagogia da Autonomia, onde educar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção num ambiente onde educador e educandos aprendem juntos, em um encontro democrático e afetivo, em que todos podem se expressar.

Que a sociedade brasileira aprenda (é certo que aprender é um processo complexo) que o Educador é o profissional que se disponibiliza como referência ao estudante! Que a sociedade brasileira entenda a importância de valorizar o Educador e se co-responsabilizar pela Educação (Constituição Federal – artigo 205). Há um provérbio africano que diz: “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança.”

Sofia Luz – ativista social, graduanda em Gestão de Políticas Públicas pela USP (Universidade de São Paulo), estagiária na Divisão de Educação de Jovens e Adultos na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e educadora na UNEAFRO Atibaia.

Mônica Oliveira Aliberti – pedagoga e professora de Língua Portuguesa da Rede Pública Municipal de São Paulo.

A Coluna Dialetos – Aliança Negra ocupará espaço toda semana no Correio de Atibaia para falar de Sociedade & Diversidade.