AmbienteAtibaiaExclusivasNotícias

Brasil lidera o ranking de desmatamento e coloca em risco toda biodiversidade

Bia Coleto*

Em 5 de setembro comemora-se o Dia da Amazônia, maior floresta e reserva tropical do mundo. Com mais de cinco milhões de quilômetros quadrados de floresta, o bioma é indispensável para a manutenção da vida. Apesar da sua extensão, muitas faixas de mata nativa estão sendo destruídas, colocando em risco toda biodiversidade. Segundo dados da USP, Universidade de São Paulo, só a Amazônia é responsável por cerca de 17% da fotossíntese do planeta. Além disso, contém cerca de 120 bilhões de toneladas de carbono, ou o equivalente a dez anos de toda a queima de combustíveis fósseis mundiais. Isso ressalta sua importância e faz um alerta: estamos perdendo com toda degradação causado ao bioma. 

Desmatamento e queimadas são os maiores causadores da redução de mata na Amazônia. Nos últimos 12 meses foi registrada uma perda de 10.781 km² de floresta, segundo o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia). Isso representa a maior quantidade de área devastada em 15 anos.

Apesar da Amazônia ser encontrada em nove países, o Brasil lidera o ranking de desmatamento, colocando em risco toda biodiversidade existente no bioma, além de povos e comunidades tradicionais, que há gerações vivem de forma sustentável na floresta, como os povos indígenas e ribeirinhos.

João Luiz Hoeffel, Doutor em Ciências Sociais-Sociologia Ambiental IFCH/UNICAMP, ressalta em entrevista essa problematização. “O desmatamento tem impacto direto sobre a diversidade biológica, provoca processos erosivos, alterações nos rios, além de sérias alterações climáticas e sociais, como por exemplo o ritmo das chuvas, que tem um impacto significativo no aquecimento global e se reflete na vida da população rural, urbana e sobre os povos indígenas”.

Em uma pesquisa de campo feita pela reportagem com 16 brasileiros, cem por cento deles concordaram que a Amazônia é essencial para a manutenção da vida e que a grande perda da biodiversidade é consequência humana. Isso demonstra que a população está ciente desses problemas, da interferência humana e da importância do bioma. Mas, ainda assim a devastação continua.

Esse processo de destruição da floresta amazônica está relacionado à percepção de impunidade por pessoas envolvidas em atividades como mineração e extração de madeira e pelo agronegócio, sendo este último duramente criticado por ambientalistas, já que intensifica o aumento da pressão sobre a biodiversidade, o aquecimento global e a diminuição das áreas preservadas.

Na mesma pesquisa, percebemos uma divisão acerca da opinião sobre o agronegócio, sendo que 81% dos entrevistados concordam que essa atividade econômica é demasiadamente prejudicial ao bioma. 12% das pessoas acreditam que o agronegócio não é prejudicial e 7% preferiram não responder.

De acordo com Kleber Cavazza, graduado em geografia física pela USP, o agronegócio não protege o solo, já que existe o extermínio da fauna e da flora para plantio de raízes superficiais, fazendo com que a água não infiltre no solo. “Você tem o intenso uso de mecanização e isso acaba deixando o solo compactado, sendo assim o solo fica impermeabilizado e a água da chuva não consegue entrar e, quando ela infiltrar, carregará muitos agrotóxicos usados no agronegócio”, afirma o especialista.

Além dessa relação de impunidade, outros fatores incentivam a destruição da mata, como os discursos governamentais, os ataques aos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a fragilização da fiscalização pelo Ibama e da Polícia Federal e outros órgãos.

“Há que se ter respeito por todo esse investimento feito pela natureza, o qual a maioria das pessoas ignora”, alerta o cientista António Nobre, em entrevista ao G1.

Bia Coleto é acadêmica do curso de Jormalismo da UNIFAAT.