Militância auto-obsessão
Marcelo Freitas e Raquel Silva
Indignar-se com os problemas sociais e decidir lutar de forma ativa e coletiva para redução das desigualdades sociais, te torna um militante. A militância é uma práxis (ação e teoria) coletiva, planejada e permanente. Na militância é possível atuar através de inúmeras ferramentas em prol de buscar alcançar uma mudança, seja a partir da cultura, da educação, do esporte, da política. Depende daquilo que você acredita, no individual. Porém, no limiar entre a luta individual, de grupo ou coletiva, é importante sempre ter em mente o objetivo social coletivo a ser atingido. Caso contrário, podemos ver os vários cenários políticos de uma “militância auto-obsessão”.
Egocentrismo e falta de união em um projeto comum de desenvolvimento do país. Um grande projeto político instalado e em vigor há décadas. Cenário este resulta nos vários grupos políticos que estão obcecados com suas próprias ideias “revolucionárias”, sem conseguir enxergar além de suas bolhas individuais. Uma auto-obsessão beirando um fanatismo duplo-cego militante. Uma luta que pode gerar ganhos e frutos, mas ganha parcialmente no coletivo.
A falta de diálogo com ideias contrárias e a hostilidade em relação às divergências também têm sido apontadas como características desses grupos. Fazem apenas críticas que não une esforços e acaba por servir como uma forma de fugir das responsabilidades cívicas e esperando alguém resolva todos os problemas sociais a partir de seus manuais, pois qualquer outra forma de resolução não é vista com bons olhos.
Cabe a reflexão sobre o objetivo da luta da militância de grupos com essas características e organização política. Muitas vezes esses grupos políticos estão correndo atrás do próprio ideal, presos em um triângulo de ressentimento, raiva e medo. Essas emoções negativas estariam impedindo a construção de um projeto comum para o país. Muitas vezes de forma inconscientemente, mas um paradoxo que continua a manter vivo um projeto político de desunião social.
É preciso trocar as lentes dos óculos para enxergar para além dessa lente da militância auto-obsessora e unir esforços para atingir um objetivo coletivo de mudança, que tenha como base um triângulo com emoções que vislumbrem o progresso.
Assim, para superar essa lógica perversa, é necessária uma nova maneira de ser fazer política, baseada em valores positivos e na busca por soluções concretas para os problemas do país. É preciso abandonar a auto-obsessão e trabalhar em conjunto para construir uma nação próspera e justa para todos os brasileiros.
E você, com quais focos você ajusta as lentes dos óculos que enxerga o mundo?
Marcelo Freitas é ativista Social
Raquel Silva é bióloga, ativista, mestre em Ecologia e doutoranda em Ambiente & Sociedade.
A coluna Coluna Dialetos – Aliança Negra ocupará espaço toda semana no Correio de Atibaia para falar de Sociedade & Diversidade.